Pular para o conteúdo principal

Tratamento de esclerose múltipla com estatinas

         A esclerose múltipla (EM) é uma doença inflamatória que afeta o sistema nervoso e é desencadeada por uma lesão primária na bainha de mielina, uma capa de tecido adiposo que protege células nervosas ligadas ao sistema nervoso central e que são responsáveis pela comunicação entre o corpo e o cérebro. A etiologia dessa doença não é muito conhecida mas existem indícios de se tratar de uma etiologia autoimune. A (EM) pode se manifestar de forma branda ou drástica, com alguns sintomas ligados a distúrbios sensoriais.
    Uma paciente de 34 anos com (EM) iniciou seu acompanhamento no Centro de Estudos Triangulino de Esclerose Múltipla (CETEM) da Universidade Federal de Uberlândia, onde se tratava com interferon-beta 1ª. Após efeitos colaterais ela recusou o tratamento com qualquer medicamento injetável para a doença. Depois de um tempo foi proposto um novo tratamento à base de rosuvastatina (estatina) que comparada à as outras estatinas era a que apresentava menor risco de rabdomiólise, degradação das fibras musculares. Além de não sofrer interferência na absorção provocada pela ingestão de alguns alimentos, não atravessar a barreira hematoencefálica  e com doses de 5 a 10 mg respectivamente, apresenta eficácia de 42-50 %. Por tanto, alega-se uma boa relação entre risco e benefício.
       Durante a nova terapia a paciente foi acompanhada através de exames ambulatoriais, analise de seu perfil lipídico e de testes hematológicos e bioquímicos. E ainda foi aplicado uma dosagem de creatina-quinase (CK), uma enzima presente no tecido muscular que é ativada em momentos de estresse físico catalizando uma reação bioquímica com a finalidade de fornecer energia para as células. 
       Após seis meses de tratamento a paciente apresentou melhora significativa. Esse resultado sugere que o tratamento com rosuvastatina pode ser eficaz para casos de (EM). Isso pode ser explicado pela atuação das estatinas em inibir complexos e co-estimuladores ligados ao processo imune e diminuir a produção de mediadores no sistema nervoso central através da atuação do fenótipo th2. 
    As estatinas estão demonstrando propriedades de regulação imunológicas que influenciam a secreção, expressão e função de mediadores imunológicos. E com isso se tornaram objeto de estudos em tratamentos de doenças autoimunes. Há a ocorrência de uma experiencia realizada em animais, que demonstrou que estatinas como atorvastatina e a lovastatina são capazes de diminuir a infiltração leucocitária, imunoactivação e paralise. Também foi elucidado o papel da estatina na terapia de (EM) inibindo a proliferação de células momonucleares sanguíneas, componentes essenciais do sistema imunológico.

Publicado por: Ellen Arcanjo Dourado, 15/0124015

Referências:
1. Oliveira, R. M.; Santos, D. F.; Fenelon, S. B.; Penha-Silva, N.; Uso de Rosuvastatina em Esclerose Múltipla; Disponível em <http://www.luzimarteixeira.com.br/wp-content/uploads/2010/06/danca-na-reabilitacao-do-ave.pdf#page=73>; Acessado em 23 de junho de 2017.
2. Santiago, M.A.M.C. , Porto, 2011, Disponivel em <http://bdigital.ufp.pt/bitstream/10284/2278/3/TM_15292.pdf> acessado em 16/06/2017. 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Como atuam as estatinas

              SÍNTESE DO COLESTEROL        O colesterol pode ser obtido  através da alimentação e pode ser sintetizado pelo próprio organismo. A síntese do colesterol no organismo ocorre no citosol e retículo endoplasmático da célula. Esse processo consiste em 28 etapas, o seu início se da através da associação de três moléculas de acetil-coA , que resulta em HMG-coA. A segunda etapa, onde a enzima HMG-coA redutase que catalisa a conversão de HMG-coA em melavonato, é a etapa limitante da síntese de colesterol. É nessa etapa que age a estatina, bloqueando a enzima HMG-coA redutase e assim inibindo a conversão de HMG-coA em melavonato e, por conseguinte, a síntese de colesterol.                             Mecanismo da estatina                             Essa ...

Doenças relacionadas a estatinas e colesterol

Todo medicamento no mercado existe com o objetivo de tratar uma doença ou sintoma, consequentemente todo remédio é relacionado a um grupo de doenças ou doença específica, no caso das estatinas, elas estão ligadas as doenças que ocorrem com as variações nos níveis de colesterol. As duas situações que se pode encontrar são, o excesso de colesterol (hipercolesterolemia) e a falta de colesterol (hipocolesterolemia), e apesar de ambas estarem relacionadas com as estatinas, elas não se relacionam da mesma forma com esse medicamento. Primeiramente a hipercolesterolemia, segundo médicos está diretamente ligada ao desenvolvimento de doenças cardiovasculares (DC’s), e por isso os médicos recomendam estatinas para pessoas com esses níveis elevados, pois as estatinas agem inibindo a produção de colesterol e dessa forma ela preveniria uma possível DC, no entanto os médicos antes de receitarem estatinas tentam fazer essa redução por via de mudanças na alimentação e exercícios físicos, e receitam o ...

Licopeno e o colesterol

Há um aumento de doenças cardiovasculares que tem sido associado a quantidade de colesterol plasmático no sangue. Pode-se considerar o estresse oxidativo, que ocorre a partir de um desequilíbrio entre a produção de compostos oxidantes e os sistemas de defesas antioxidantes, uma parte importante na causa dessas doenças. Essa hipótese consiste na oxidação do LDL, a lipoproteína oxidada interagiria com macrófagos presentes no interior das artérias, estes fagocitariam a LDL resultando na formação de placas. Um grupo de cientistas da Universidade do Leste da Finlândia acompanhou cerca 1.031 homens com idades de 46 a 65 anos por mais de dez anos. Nesse estudo eles analisavam a quantidade de Licopeno encontrada no sangue dos indivíduos. Foi constatado que os homens que mantiveram os níveis mais elevados de licopeno no sangue reduziram a chances de acidente cardiovascular em 59%. Propondo que o consumo de porções mais abundantes de licopeno pode amenizar probabilidade de ter um ACV. O lic...